O termo “decálogo” deriva do grego dekalogos, que aparece, pela primeira
vez, em lreneu e Clemente de Alexandria. Na realidade, a origem dessa
designação encontra-se em Ex 34.28; Dt 4.13 e 10.4, que falam das “Dez
Palavras” (áserét haddeba rim, em hebraico), que a versão grega dos Setenta
traduziu por tous deka Iogous (Ex 34.28; Dt 10.4) e ta deka rhemata (Dt 4.13).
Segundo lrineu, Clemente e a tradição cristã posterior, essas expressões
designam o decálogo de Ex 20.2-17 e Dt 5.6-21.
ALEGAÇÕES ADVENTISTAS
Certo livro adventista levanta a seguinte questão:
Pergunta: ” 2. Quais são os três requisitos necessários num selo
oficial?”
Resposta: “A fim de ser completo, deve um sêlo oficial apresentar três
requisitos: (1) o nome do legislador; (2) seu cargo oficial, titulo, ou
autoridade, bem como seu direito a governar; e (3) seu reino, ou a extensão de
seu domínio e jurisdição. Por exemplo: “General E. G. Dutra, presidente dos
Estados Unidos do Brasil,” Jorge VI, Rei da Grã-Bretanha,” “Harry Truman,
Presidente dos Estados Unidos da América do Norte” etc.” (Estudos Bíblicos pág.
389 – CPB)
Pergunta: “4. Mostra o primeiro mandamento quem é o autor da lei?
Pergunta: “5. Indicam o segundo, terceiro, quinto, sexto, sétimo, oitavo,
nono ou décimo mandamentos, quem seja o autor do Decálogo?
Resposta: Não, nenhum dêles.”
“O segundo mandamento proíbe a feitura e adoração de imagens, mas em si
mesmo não revela quem seja o verdadeiro Deus. Diz o terceiro mandamento: “Não
tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão,” mas, semelhantemente, deixa de
revelar o verdadeiro Deus e doador da lei. O adorador do Sol poderia alegar
haver observado êsse mandamento, visto não mencionar a que deus êle se refere.
O mesmo acontece quanto aos demais preceitos aludidos. Nos últimos cinco
mandamentos nem mesmo é citado o nome de Deus.”(ibdem pág. 390)
Pergunta: “6. Qual o único mandamento do Decálogo que revela o nome, a
autoridade e o domínio do Autor dessa lei?
Resposta: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias
trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu
Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu
servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está
dentro das tuas portas. Porque em seis dias fêz o Senhor os céus e a Terra, o
mar e tudo que nêles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor
o dia do sábado, e o santificou.” Êxo. 20:8-11.”
“O quarto mandamento, somente, revela o nome, a autoridade e o domínio do
Autor dessa lei. Em seis dias, (1) o Senhor (nome) (2) fêz (atributo, Criador)
; (3) o Céu c a Terra (domínio). Êste mandamento, somente, portanto, contém “o
sêlo do Deus vivo.” Pelo que está revelado neste mandamento é mostrado a que
Deus se referem os demais. Pela grande verdade aí revelada, todos os outros
deuses são declarados falsos. O mandamento do sábado, pois, contém o sêlo de
Deus; e o próprio sábado, cuja observância é recomendada pelo mandamento, está
inseparavelmente ligado ao sêlo; e deve ser mantido como memória de que Deus é
o Criador de tôdas as coisas; e êle mesmo chamado “sinal” do conhecimento desta
grande verdade. Êxo. 31:17; Ezeq. 20:20.”(ibdem)
Você acabou de ler afirmações oficiais da IASD. Afirmam os adventistas
que o selo de Deus é o sábado. Dizem ainda que o único lugar da lei que traz o
nome de seu autor e a autoridade para quem a lei foi dada é justamente o quarto
mandamento – o mandamento do sábado. Então daí concluem:
“O quarto mandamento é o único de todos os dez em que se encontra tanto o
nome como o título do Legislador. É o único que mostra pela autoridade de quem
é dada a lei. Assim contém o selo de Deus, afixado à Sua lei, como prova da
autenticidade e vigência da mesma.”(Patriarcas e Profetas pág. 313 – EGW)
Outro escritor adventista complementa: “uma escritura ou lei, para que
tivesse valia, deveria trazer a assinatura ou selo do seu autor” e mais: “E
qual dos quatro mandamentos que contém ao nome de Deus seria o selo? É
justamente aquele que contém os três elementos necessários a um selo: o nome,
título e extensão de domínio.” (Livro: ‘Um Novo Mundo’ pág. 184 – A Balbach)
ANÁLISE DOS POSTULADOS ADVENTISTAS
“a assinatura e o selo”
Seria estranho e anormal que um documento importante viesse com a
assinatura do autor justamente no meio do documento, não acham? Em nosso tempo
o nome geralmente é assinado no fim de um documento; mas antigamente,
especialmente entre os judeus, o nome do autor era sempre dado primeiro, na
primeira cláusula do documento. Assim temos alguns exemplos bíblicos:
” Esta é, pois, a cópia da carta que o rei Artaxerxes deu a Esdras, o
sacerdote, o escriba instruído nas palavras dos mandamentos do Senhor e dos
seus estatutos para Israel: Artaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote Esdras,
escriba da lei do Deus do céu: Saudações.” (Esdras 7.11-12)
” A visão de Isaías, filho de Amós, que ele teve a respeito de Judá e
Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de Judá.” (Isaías
1.1)
Podemos citar ainda as epístolas como exemplo, Romanos 1.1, Tiago 1.1
etc…Veja que pela Bíblia o nome e a autoridade são postas logo no início e não
no meio. As epístolas já era um modelo greco-romano, variavam, ora traziam a
assinatura no início, ora no fim do documento, não obstante nunca no meio.
Dizem os adventistas em certo folheto: “O quarto mandamento é o único de
todos os dez em que se encontra tanto o nome como o título do legislador. é o
único que mostra pela autoridade de quem é dada a lei. Destarte contem o selo
de Deus, afixados à sua Lei, como prova da autenticidade e vigência da mesma.”
(Folheto: ‘A Lei de Deus’, pág. 5 – IAMR)
Isto simplesmente não é verdade. As palavras introdutórias do decálogo
contam claramente quem o deu. Era o mesmo Deus que os tirou do Egito. Aqui está
o nome, assinatura e selo daquela lei nas primeiras palavras daquele documento.
Aqui Deus se coloca antes de tudo como o Salvador e libertador de Israel antes
do que o Criador. A obediência deles para com estes mandamentos é baseada neste
fato. Veja porquê: diz Deus “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do
Egito, da casa da servidão.” e prossegue com a repetição das outras palavras.
Veja que foi o Egito e não o Éden que foi apontado. Na cópia do decálogo como
aparece em Deut. 5:6-21, não há nenhuma referência à criação, enquanto a
libertação do Egito é proeminentemente acentuada.
O DECÁLOGO MUTILADO
Isto pode parecer estranho, mas os adventistas que tanto se ufanam em
honrar a lei de Deus, são eles mesmos que a mutilam. Eles deixam de fora a
parte mais importante do Decálogo que mostra quem deu a lei, quando foi dada, e
para quem foi dada. Consulte qualquer advogado e ele dirá que a lei para ter
força vigente deve começar com o que é chamada de “cláusula introdutória”. Como
exemplo basta citarmos as leis federais que regulam nossa nação em seus vários
aspectos e assim se dá com todas as legislações, a autoria vem sempre no início
da norma ou no final dela, nunca no meio. Esta cláusula introdutória conta quem
deu a lei, quando isto foi dado, e para quem deu. Desloque essas palavras da
própria lei e ela não passará de letra morta.
Veja bem, Moises diz claramente que todas as palavras que o Senhor falou
foram escritas nas tábuas de pedra:
“E o Senhor me deu as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus;
e nelas estavam escritas todas aquelas palavras que o Senhor tinha falado
convosco no monte…” (Deut. 9:10).
Observe que tudo o que Deus falou foi escrito nas tábuas e fazia
conseqüentemente parte do Decálogo. Moisés inicia o versículo primeiro
esclarecendo que Deus irá se pronunciar de agora em diante quanto às dez
palavras, veja:
” Então falou Deus todas estas palavras, dizendo:”
Então, logo em seguida segue as primeiras palavras que Deus falou
solenemente e que foram posteriormente escritas nas Tábuas:
“Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão. Não terás outros deuses diante de mim”, etc. (Ex. 20:1-3).
Essas palavras são tão parte do Decálogo como quaisquer outras. Elas foram
faladas por Deus, escritas por Ele, foram gravadas em pedras e inseridas na
arca.
Os adventistas se precipitam ao dizer que os Dez Mandamentos são mais
importantes do que qualquer outra lei, pois dizem: foram faladas por Deus,
escrita por Ele, gravadas em pedras e posta na arca no lugar mais sagrado do
tabernáculo – o santo dos santos. Se for assim, esta cláusula introdutória é
tão sagrada como qualquer das outras palavras. Ela explica direta e
perfeitamente quem é o autor daquela lei.
Agora olha para a tabela que aparece em quase todos os livros adventistas
que tratam da lei – a chamada “Lei de Deus”. São exatamente essas palavras que
estão lá? É claro que não. Eles mutilaram a cláusula principal da lei.
Eles costumam dizer que o sábado é o único preceito no decálogo que
mostra quem deu a lei e de qual autoridade ela deriva.
Isto simplesmente não é verdade, pois além de contrariar todos os modelos
de documentos existentes desde os tempos bíblicos até hoje, as palavras
iniciais daquela lei, “a cláusula do decreto” conta perfeitamente quem deu,
quando deu, e para quem esta lei foi dada. Não é somente no quarto, mas no
primeiro mandamento que aparece o título, o nome e a autoridade de quem deu a
lei. Isto está de perfeito acordo com os documentos históricos antigos.
Mas os adventistas mutilam aquela lei por deixar de fora a parte principal
que responde a estas três perguntas. Persistem na pertinácia em afirmar que
nenhum mandamento além do sábado pode mostrar quem deu aquela lei.
Um pormenor interessante que ressalta a importância destas palavras
iniciais se encontra em Deuteronômio 5.1-22, ali toda referência sobre a
criação é omitida enquanto aquela cláusula inicial permanece.
Geralmente os adventistas acusam os católicos de mutilarem o Decálogo.
Mas não seria o caso de o inverso ser a verdade? Os católicos e luteranos
incluem todas as palavras da introdução no primeiro mandamento, e então coloca
por inteiro as palavras ditas por Deus no decálogo.
No Catecismo Romano pág. 407 que disserta sobre os dez mandamentos está o
seguinte:
“Do Primeiro Mandamento” então passa a demonstrar quais eram as palavras
deste primeiro mandamento, “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do
Egito, da mansão do cativeiro”
Se deixarmos as dez palavras no lugar onde realmente Deus a deu, isso
destruiria por completo o argumento adventista de que o sábado é o carimbo da
lei de Deus. A DIVISÃO DO DECÁLOGO
O fato de as Dez Palavras (em Ex 20 e Dt 5) não serem numeradas está na
origem de três numerações distintas.
1. A primeira é a de Flávio Josefo, de Filon, e dos helenistas seguidos,
mais tarde, por Calvino e pela Igreja reformada (Esta é a divisão que se
popularizou entre os protestantes em geral, desde os reformadores até hoje).
2. A segunda, a da Igreja católica, remonta a Agostinho e foi também
adotada por Lutero e pela Igreja luterana (essa mesma divisão observada por
Agostinho já tinha sido proposta no séc. II por Teófilo de Antioquia e Clemente
de Alexandria).
3. A terceira é a do judaísmo ortodoxo ou talmúdico (Esta é a divisão
aceita até hoje pelos judeus). Esta última considera Ex 20.2/Dt 5.6, versículos
geralmente qualificados de preâmbulo do decálogo, como a primeira das dez
palavras. A divergência das duas outras posições provém, principalmente, de Ex
20, 3-4/Dt 5,7-8: enquanto para os católicos e luteranos esses versículos
constituem o primeiro mandamento, para Flávio Josefo e Filon, assim como para a
Igreja reformada, Ex 20,3 forma por si só este primeiro mandamento e Ex 20,4-6,
o segundo.
É bom explicar a alguns leitores que as Bíblias judaicas, em hebraico,
numeram diferentemente os versículos dos cinco últimos mandamentos: em Ex 20,
os versos 13-16 foram o verso 13, e o verso 17 torna-se o verso 14, causando
deslocamento de três versículos para o fim do cap. 20, assim como em Dt 5, a
partir do verso 17.
Todos os três ramos da cristandade: católicos romanos, ortodoxos e
protestantes, assim como os judeus, são unânimes em afirmar que o número de
mandamentos do decálogo sempre foram dez, dai o nome em grego decá, dez +
logos, palavras, ou seja, dez palavras. Demais disso, tanto a versão palestina
da Bíblia usada pelos judeus (chamada de texto Massorético), quanto a versão
grega (chamada de Septuaginta) são concordes quanto aos termos usados nos Dez
Mandamentos.
A seguinte tabela exibe as diferenças nas divisões do decálogo adotada
pelos três grupos acima:
TALMÚDICO OU JUDAICO
1. Eu sou o Senhor, etc. (v. 2)
2. Contra Os ídolos e imagens (3-6)
3. Nome de Deus, blasfêmia (v.7)
4. O Sábado
5. Obediência dos filhos
6. Assassinato
7. Adultério
8. Roubo
9. Testemunha Falsa
10. Cobiçar
HELENISTA
1. Contra Os Ídolos, (v. 3)
2. Contra Imagens, (4-6)
3. Nome de Deus, blasfêmia (v.7)
4. O Sábado
5. Obediência dos filhos
6. Assassinato
7. Adultério
8. Roubo
9. Testemunha Falsa
10. Cobiçar
AGOSTINIANO
1. Eu Sou o Senhor, contra os ídolos e imagens (v.2-6)
2. Nome de Deus, blasfêmia (v. 7)
3. O Sábado (v.8-11)
4. Obediência dos filhos (v. 12)
5. Assassinato (v.13)
6. Adultério (v.14)
7. Roubo (v.15)
8. Testemunha Falsa (v.16)
9. Cobiçar a mulher do próximo (v.17)
10. Cobiçar a casa e as coisas do próximo ( v. 17)
Observe que a divisão feita pelos judeus ortodoxos e por Agostinho
incluem a frase “Eu sou o Senhor Teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da
casa da servidão” (20.2), como parte do primeiro mandamento. Isto poderá ainda
ser visto no “Catecismo Menor” de Martinho Lutero,usado como texto oficial e
autorizado para uso na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.
“Primeira Parte: Os Dez Mandamentos
Primeiro Mandamento: Eu sou o Senhor, seu Deus. Você não deve ter outros
deuses além de mim.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e confiar nele acima de tudo…
Terceiro Mandamento: Santifique o dia de descanso.
Que significa isto?
Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não desprezar a pregação e a sua
palavra; mas devemos ter respeito por ela, ouvi-la e estudá-la com gosto.”
CONCLUSÃO
Então temos duas divisões a nosso favor, enquanto os adventistas só tem
uma apenas. Os católicos e Luteranos tem seguido Agostinho e os pais da Igreja
na divisão, enquanto a maioria dos protestantes tem seguido Josefo, Filon e os
helenistas. Há de se ressaltar que as Bíblias católicas possuem o mesmo
conteúdo das Bíblias protestantes quanto a Ex 20,4-5.
Os adventistas não possuem base sólida para sustentar que o sábado é o
selo a lei, baseado no argumento do decálogo.

Nenhum comentário:
Postar um comentário