É preciso guardar o sábado? Veja
análise de;
A doutrina mais cara ao adventismo é sem dúvida a guarda do sétimo dia da
semana como repouso semanal e dia de culto a Deus. Este era também um dos
pontos que, no primeiro século levou ao aparecimento da seita dos
"judaizantes" que fora amplamente combatida pela Igreja Primitiva.
Segundo a igreja adventista do sétimo dia todos os cristãos devem guardar o
sábado do sétimo dia, pois para eles "Santificar o Sábado ao Senhor
importa em Salvação eterna" (Testemunhos Seletos, volume III, p. 23) e sua
base principal para este ensino é o quarto mandamento da lei, onde lemos:
"Lembra-te do dia de Sábado, para o santificar, seis dias trabalharás
e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o Sábado do Senhor, teu Deus; não
farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu
servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para
dentro; porque, em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e o mar e tudo o
que neles há e, ao sétimo dia descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de
sábado e o santificou" (Ex 20.8-11).
Nossa questão é, será que esta interpretação adventista do mandamento
está correta? Temos mesmo que guardar o sábado para sermos salvos ou por
qualquer outro motivo? Cremos que NÃO por diversos motivos, a saber:
a) A palavra sábado neste texto e em todo o Antigo Testamento significa
DESCANSO (em hebraico "shabat") e não está ligado exclusivamente a um
determinado dia da semana.
b) Deus ordenou aos israelitas a guarda do sábado nos dez mandamentos,
bem como ordenou outros dias, inclusive outros dias da semana, como
"sábado" ao Senhor, por exemplo, em Lv 23.32 lemos "Sábado de
descanso solene vos será; afligireis a vossa alma; aos nove do mês, duma tarde
a outra tarde, celebrareis o vosso Sábado". Veja bem, este sábado aqui não
cairia no sétimo dia da semana, podria cair em qualquer dias pois era o nono
dia do mês, assim sendo poderia haver ´sabado no domingo, na segunda, na terça,
etc. Não sendo importante o dia, mas como já vimos, o descanso. É interessante
notar também, que Deus chamou o sábado do sétimo dia de "shabat
shabaton" (sábado dos sábados), da mesma forma que o fez com o dia da
expiação (Lv 23.3,32) equiparando assim, todos os tipos de sábado, caiam em que
dia cair.
c) Os adventistas do sétimo dia (ASD) dizem que os dez mandamentos são
"lei moral" e que o restante do pentatêuco seria "lei
cerimonial", portanto, havendo diferença entre o sábado do sétimo dia e os
demais sábados bíblicos. O erro deste argumento fica demonstrado no Salmo 19.7
onde lemos "A Torá (lei) do Senhor é perfeita". Cometendo um grave
erro exegético, os adventistas tentam aplicar esta passagem só aos dez
mandamentos, fato é que "Torá" é a designação hebraica de toda a lei
(os cinco livros de Moisés), o que coaduna com o pensamento do apóstolo Paulo
que, olhando para o Antigo Testamento, declara: "Toda escritura é
inspirada por Deus" (2 Tm 3.16), portanto, quando o autor bíblico fala que
a lei é perfeita, ele está falando do pentatêuco todo, do qual os dez
mandamentos são só um resumo, da mesma forma que Jesus os resumiu ainda mais,
em apenas dois mandamentos (Mt 22.34-40) e finalmente o apóstolo Paulo
resumiu-os em um só mandamento (Rm 13.10). Portanto, o sétimo dia é sábado do
mesmo modo que o décimo dia do sétimo mês hebreu o era, pois há uma só lei que
é perfeita. Quando a Bíblia fala de "leis", ela está falando de
aspectos particulares de uma mesma Lei do Senhor.
d) Lemos em Isaías 1.13,14: "Não continueis a trazer ofertas vãs; o
incenso é para mim abominação, e também as festas de lua nova, os sábados, e a
convocação das congregações; não posso suportar iniquidade associada ao
ajuntamento solene. As vossas festas da lua nova e as vossas solenidades, a
minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer".
Deus, aqui, está aborrecido não só com as festas móveis de Israel, mas também
com os seus sábados (do sétimo dia). Dizer que este texto só se aplica as
festas móveis é um absurdo hermenêutico, pois o texto fala de "convocação
das congregações" e isto ocorria também, e principalmente, no sábado do
sétimo dia (Lv 23.3). Em Oséias 2.11 vemos o desgosto de Deus com o sábado
judaico onde Ele afirma: "Farei cessar todo o seu gozo, as suas festas de
lua nova, os seus sábados e todas as suas solenidades", nesta passagem
clara, o Senhor afirma que faria CESSAR os sábados e que isto inclui o sétimo
dia é liquido e certo pela expressão "todas as suas solenidades",
obviamente o sétimo dia era uma solenidade de Israel e evidentemente seria
cessada por mando de Deus.
e) A Bíblia nos diz com clareza que os sábados eram um sinal, uma
aliança, uma instituição entre Deus e o antigo povo de Israel, portanto, não se
aplica à Igreja do Novo Testamento, não sendo aplicável hoje aos cristãos.
Lemos em Ezequiel 20.12,13: !Também lhes dei os meus sábados, para servirem de
sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o Senhor que os
santifica. Mas a CASA DE ISRAEL se rebelou contra mim no deserto, não andando
nos meus estatutos e rejeitando os meus juízos, os quais, cumprindo-os o homem,
viverá por eles; e profanaram grandemente os meus sábados. Então, eu disse que
derramaria sobre eles o meu furor no deserto, para os consumir". Façamos
então, um pequeno exercício de interpretação bíblica: A quem foi dirigidas tais
palavras? Quem estava peregrinando em rebeldia pelo deserto? Foi você? Sua
Igreja? Seus pais? Claro que não, esta resposta é simples: o antigo povo de
Israel, logo, o sábados, mesmo estando nos dez mandamentos, são sinal e
instituição divina PARA Israel e não para a Igreja, portanto, impor isto aos
cristãos é errado e anti-bíblico. Resumindo, leia o texto de Ex 31.12-18 e veja
como os sábados são EXCLUSIVAMENTE para o antigo Israel, note no versículo 13:
"Tu, pois, falarás aos FILHOS DE ISRAEL e lhes dirás: Certamente,
guardareis os meus sábados, pois é sinal entre mim e VÓS", e ainda, no
versículo 14: "Portanto, guardareis o sábado, porque é santo PARA VÓS
OUTROS". Depois de lermos textos bíblicos tão claros pode haver dúvidas em
uma mente honesta quanto ao fato de o sábado do sétimo dia ser um sinal
distintivo para o antigo povo de Israel, como também o era a circuncisão (Gn
17.9-14), e, portanto, não aplicável ao cristão hodierno? Claro que não.
f) Embora Deus tenha abençoado e santificado o dia sétimo da criação (Gn
2.2,3), Ele não ordenou a Adão guardá-lo, somente em Moisés o sábado se tornou
uma lei, portanto, o sábado do sétimo dia é uma lei de aspecto cerimonial,
nacional e litúrgico, pois a parte moral da lei de Deus é eterna, haja vista
que o pecado é a transgressão da lei (1 Jo 3.4) e Adão pecou, logo, transgrediu
a lei que já existia e era de seu conhecimento e obiamente não incluia o sábado.
g) Muito embora Deus tenha descansado no sétimo dia da criação, após a
queda do homem, Ele interrompeu este descanso e passou a trabalhar pela
salvação humana, inclusive nos sábados. Isto é provado quando Jesus, em dia de
sábado do sétimo dia, é questionado pelos judeus sobre a guarda deste dia e
responde-lhes dizendo: "Meu Pai trabalha atéa AGORA, e eu trabalho
também" (Jo 5.17), ou seja, tanto Deus Pai, como Deus Filho (Nosso Senhor
Jesus Cristo) certamente trabalham no dia de sábado, o que seria um absurdo
para os adventistas, mas é claramente atestado na Bíblia.
h) Os adventistas do sétimo dia argumentam dizendo 'Jesus não veio mudar
mas cumprir a lei' e citam Mt 5.17,18, portanto, entendem eles, o sábado está
em "vigor". Isto é um contrasenso, pois como já vimos o sábado era só
para Israel. O que o Senhor está dizendo então em Mt 5.17,18? Para uma correta
compreensão deste texto é importante notar que a expressão "lei e
profetas" usada por Jesus não se refere ao sábado ou as cerimônias
judaicas, esta expressão significa na linguagem de hoje o mesmo que o termo
BÍBLIA, Jesus estava então afirmando que como Messias que ele era e é, veio
cumprir as profecias bíblicas do Antigo Testamento e não mudá-las, isto nada
tem haver com sábado, circuncisão, carne de porco, etc.
i) Os adventistas argumentam também que, a lei, esegundo eles por
conseguinte o sábado, estão ainda em vigor porque o pecado é a transgressão da
lei (1 Jo 3.4), e sem ela não haveria pecado. Aqui eles erram novamente na
interpretação, por isolarem um texto do seu contexto. Qual a lei que o apóstolo
João está se referindo neste texto? A resposta está em 1 Jo 4.8, é a lei do
amor/caridade (veja também Rm 13.10; Mt 7.12) e não as cerimônias e datas do
Antigo Testamento. Portanto, segundo João, pecado é agir com desamor para com
Deus e o próximo, isto nada tem haver com dias da semana e não prova nada a
favor do sétimo dia, eles erraram novamente.
j) Guardam os adventistas verdadeiramente o sábado? Claro que não. O
mandamento diz: "seis dias trabalharás" (Ex 20.9), isto é, para
guardar o quarto mandamento não basta se abster do trabalho no sétimo dia é
necessário, também, trabalhar os outros seis, trabalham os funcionários
públicos adventistas brasileiros no domingo? Vão às aulas no domingo os jovens
adventistas? Abrem eles suas lojas neste dia? Claro que não, logo, neme eles
guardam o mandamento,e, portanto, não podem cobrar o mesmo dos outros.
k) Podemos afirmar biblicamente que o sábado não é necessário no Novo
Testamento? Claro que sim. Primeiro, porque já vimos que o sábado era só para o
antigo povo de Israel; em segundo lugar, porque não existe mandamento em o Novo
Testamento que nos leve a guardar qualquer dia da semana; e em terceiro lugar,
porque não temos obrigações morais em cima de cerimônias e liturgias e isto é
claro na Bíblia, pois senão vejamos:
- "Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de
festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das cousas que
haviam de vir; porém o corpo é de Cristo". (Cl 2.16,17).
- "Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os
dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente" (Rm 14.5).
- "como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres,
aos quais, de novo, quereis ainda escravisar-vos? Guardais dias, e meses, e
tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco"
(Gl 4.9b-11).
l) Um outro golpe mortal no sabatismo encontra-se em Atos capítulo 15.
Nesta ocasião reuniu-se um concílio da Igreja Primitiva para resolver um
problema sério, é que alguns "cristãos" estavam ensinando a respeito
dos crentes não-judeus que "é necessário circuncidá-los e determinar-lhes
que observem a lei de Moisés" (verso 5b), que o sábado do sétimo dia faz parte
da lei de Moisés é nquetionável (Ex 20.8-11), logo, também este tema estava em
questão naquele concílio cristão, uma vez que os que levantaram tal polêmica
eram de origem farisaica e os fariseus tinham o sábado em alta estima. Nossa
pergunta é, o que os apóstolos e a Igreja iluminados pelo Espírito Santo
decidiram sobre esta questão? A resposta é clara e bíblica, encontrando-se nos
versículos 28 e 29 deste capítulo: "Pois pareceu bem ao ESPÍRITO SANTO e a
nós não vos impor maior encargo além destas cousas ESSENCIAIS: que vos
abstenhais das cousas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de
animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas cousas fareis bem se
vos guardardes". Desta decisão aprendemos três verdades importantes:
primeiro que, foi uma decisão do Espírito Santo através da Igreja, segundo que,
da lei de Moisés só foi exigido dos cristãos gentios o abster-se do mal
testemunho ("cousas sacrificadas a ídolos") e do sexo ilícito, o
resto estamos livres, inclusive do sábado, das cerimônias, da circuncisão,
etc., e em terceiro lugar, aprendemos que o sábado não é, na visão do Espírito
Santo e dos apóstolos, algo essencial para a verdadeira fé cristã, pois ele não
está incluído nas "cousas essenciais" da lei de Moisés mencionadas em
nosso texto. Portanto, vemos biblicamente ruir toda a base sabatista do adventismo.
m) Também na História da Igreja Cristã os adventistas estão desamparados.
Existem diversos testemunhos históricos que desde a Igreja Primitiva os
cristãos tem guardado o domingo como seu dia de repouso e culto em comemoração
à ressurreição do Senhor Jesus, marco principal da fé cristã. Temos testemunhos
como o de Inácio de Antioquia (110 AD), do Didaquê XIV:1 e da Epístola de
Barnabé XV:9, todos favorecendo a observância cristã do domingo e sendo todos
no máximo do século II, em plena Igreja Primitiva. Além do que, temos o
testemunho do estudioso e ex-adventista D. M. Canright que para compreender a
expressão bíblica "No dia do Senhor" de Apocalipse 1.10 (no original
grego: EN THÊ KURIAKE HEMERA), fez uma contextuação do texto sagrado com outros
textos encontrados em documentos históricos, mostrando uma sequência, em
sentido regressivo, de testemunhos que vão do século XVIII, initerruptamente ao
I século da era cristã, especificamente ao ano 96 AD, em que foi escrito o
Livro do Apocalipse, concluindo que esta expressão aplica-se ao primeiro dia da
semana - o domingo.
n) Concluindo este assunto, qual o conselho do Novo Testamento sobre o
dia de guarda atual dos cristãos? Por tradição apostólica e segundo o exemplo
do Novo Testamento, os cristãos faziam seus cultos públicos no primeiro dia da
semana, isto é, no domingo (At 20.7) e também nesse dia tiravam suas ofertas
para os irmãos necessitados (1 Co 16.1,2). Não há nada que nos leve a mudar
este costume, cremos ser de bom alvitre nos mantermos nele, todavia é
importante saber que não tratamos o domingo com a fúria legalista de judeus e
adventistas em relação ao sábado, pois, como explica Martinho Lutero em seu
Catecismo Maior, guardar o dia de descanso não é se abster de trabalho e
compras, mas é outrossim tomar tempo com a Palavra de Deus. E é isto que os
evangélicos fazem, biblicamente, no domingo.
o) Como vimos, os adventistas exigem a guarda do sábado para a salvação
ou como prova dela, a Bíblia nos diz que é "pela graça sois salvos,
mediante a fé; isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras para que
ninguém se glorie" (Ef 2.8,9). Logo, se é por graça não depende de guardar
este ou aquele dia, pois isto é obra da lei ou seja, esforço humano. Se o
próprio Deus e seu Filho Jesus Cristo não guardaram, outrossim, trabalharam no
sábado (Jo 5.16,17), como exigiriam tal coisa como pré-requisito ou prova de
salvação? Eis aqui uma grave heresia adventista - a salvação por méritos
próprios, nós cristãos estamos livres do peso do sábado e de outras frustrantes
tentativas de colaboração com Deus ou auto-salvação, nossa salvação é graça -
um presente imerecido, que recebemos somente pela fé em Jesus Cristo.

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